quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Infertilidade: a espera do milagre da vida

Após um ano de tentativas vãs, em Dezembro de 2010, dicidimos procurar ajuda clínica. Fomos à médica de família e pedimos que nos encaminhasse, enviou-nos para a Maternidade Bissaya Barreto para as consultas de esterilidade. Há quase 4 anos que estávamos casados sem métodos contraceptivos e a médica disse que realmente termos relações desprotegidas durante tanto tempo e não ter ocorrido uma gravidez ou "era muita sorte ou muito azar".                                         Pensámos que ia levar tempo até sermos convocados pela MBB, mas surpreendentemente tivemos a 1ª consulta em Janeiro. Depois de uma primeira abordagem sobre antecedentes familiares com infertilidade (não há), sobre as nossas profissões (sem risco), tinha o meu IMC contra mim, estava com um índice de quase 40!!! Foi logo a primeira coisa que a médica falou: tinha de emagrecer se queria que as minhas probabilidades de engravidar aumentassem (já estou com IMC de 35, mas tenho de descer abaixo de 30). A médica requisitou um espermograma ao C. e análises hormonais e uma ecografia transvanginal para mim.
Na segunda consulta, em Abril, conhecemos o diagnóstico: não havia nenhum problema com o espermograma do C.. Eu tenho síndrome dos ovários poliquisticos(SOP) e as análises hormonais indicavam um nível de progesterona muito baixinho, que era sinónimo de não ocorrerem ovulações, mesmo sendo eu mestruada. Fomos logo rotulados de casal infértil. É duro... quem por aqui passou ou está a passar sabe do que falo!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quando chegamos ao limite...



Guardei tanto meu choro
Que choveu dentro de min

Nadei tanto em meu pranto
Que em cada canto me afoguei

E quando abri os olhos,chorei

Enfim me libertei

Em Novembro decidiu-se ir dar as boas vindas à filhota da minha prima, andava numa pilha, temia não me aguentar durante a visita... e o meu medo afinal tinha fundamento, durante o almoço caiu o pano...há situações e sentimentos que nos levam ao limite: durante o almoço a minha cunhada (grávida) trocava opiniões com a minha prima (recém-mamã). Gravidez e maternidade foi o tema dominante à mesa, mas também ouve tempo para graçolas sobre casais infertéis, eu estava realmente a chegar ao meu limite, o C. apertou-me a minha mão por debaixo da mesa como que a perguntar se eu estava bem?! Olhei para ele e acenei que sim com o olhar, mas já se estava a formar um grande nó na minha garganta estava a sofucar: como podiam estar a gracejar sobre casais inférteis? A opinar? Que sabiam eles sobre a infertilidade se Deus lhes tinha dado "de bandeja" o dom de serem mães? Não estava a ser fácil... só queria desaparecer dali. E a cereja no topo do bolo foi quando o meu primo insistiu que eu devia pegar na "filha dele" ao colo, agora era demais, tentei dissuadi-lo dizendo que não tinha jeito para pegar recém-nascidos, etc..., mas ele insistia e de repente rebentei, fiquei histérica e gritei "não quero, não quero", levantei-me da mesa e fui-me trancar na casa de banho a chorar, já não eram lágrimas silenciosas... eram gritos e soluços de uma dor lacinante, de uma revolta, só me apetecia desaparecer. Tinha deixado cair a máscara, os meu pais, o meu irmão e a minha cunhada, os meus tios e os meus primos, após 11 meses perceberam que algo de errado se estava a passar comigo. A histérica não era a filha deles, nem a irmã, nem a cunhada, nem a sobrinha, nem a prima que haviam conhecido... como a impossibilidade de ser mãe e a dor que isso nos causa nos transforma!!!
Ninguém disse nada, ninguém questionou nada, apenas a minha prima foi ter comigo. Disse-lhe vagamente que já tentava engravidar havia algum tempo e que aquela situação tinha mexido comigo. Ela é uma rapariga inteligente e disse-me que eu não precisava de me ter sujeitado àquela tortura (realmente foi a uma cruel tortura a que me sujeitei). Estava tão envergonhada do meu comportamento, pedi-lhe desculpas e disse-lhe que não era por mal que não pegava na menina dela, apenas não o consegui fazer!

Quando o sonho se transforma lenta e dolorosamente em pesadelo

Escusado será dizer que a passagem de ano 2009/2010 foi das noites mais maravilhosas que já passámos juntos. Às doze badaladas desjámos que a cegonha nos visitasse em 2010. Não tinha dúvidas, tinha feito bem as contas, em Setembro/Outubro seríamos pais! Estava tão, mas tão longe de saber que a cegonha tardaria a chegar!
Em Janeiro, o nada esperado período bateu à porta. Não fiquei contente, mas nada de dramas, era a primeira tentativa, no mês seguinte faria melhor as contas e tudo correria bem... mas não correu.
Em Março a angústia começava a querer tomar conta de mim e não tardou a que uma boa novidade causasse em mim tristeza: a minha prima, que eu tenho como uma irmã, disse-me que estava grávida, engravidou em Janeiro porque se esqueceu de tomar a pílula 2 ou 3 dias!
Eu e o C. estávamos na 3ª tentativa e quando a mestruação chegou mais uma vez, não consegui conter as lágrimas, não consegui apaziguar a revolta que sentia: queria tanto ter um filho e ... nada. Só me vinham ao pensamento as mulheres que engravidavam "sem querer", pior "as que abortavam", as que os abandonavam como se fosse lixo. Porquê? Porquê, meu Deus? Porque permites isto?
Experimentei sentimentos que não sabia existirem dentro de mim: revolta, raiva, inveja?! Eu nunca tinha sentido inveja e, na verdadeira acepção da palavra, não era isso que sentia... o que eu sentia era um enorme vazio dentro de mim... queria tanto ver a minha barriga crescer... mas a única barriga que tinha era de uns quilos a mais...
Maio e Junho foram meses complicados, para os dois, quando mestruava... mais uma esperança perdida e... chorava.
Nunca disse ao C. qual a altura do meu período fértil, pois o psicológico dele funciona mal com isso, havia alturas em que, apesar de ter erecção, não havia ejaculação...tal era a pressão! E eu, dei por mim a ter relações sexuais "sem amor". Algum tempo depois descobri no livro "Planear a gravidez - 10 Passos para obter a máxima fertilidade" que estava a passar a fase em que o sexo se tinha "transformado em sexo para ter bebé em vez de sexo divertido".
Em Julho voltei a encontrar a minha prima, já com uma linda barrigona! Estáva grávida de uma menina. Eu queria tanto ter uma barriga assim...nós queríamos tanto ter uma menina...(o C. delira com as pequenitas!).
E chegou Agosto, e parecia que toda a gente na família engravidava...menos eu! A minha cunhada anunciava que estava  grávida (casada há meia dúzia de vezes e já tinha engravidado!)
Não foi uma fase melhor que as anteriores, porque dei comigo a sentir ciúmes, porque via a minha mãe mimá-la, a rejubilar por ir ter um neto... Era eu, eu que devia estar grávida, ela era minha mãe, era a mim que devia mimar... eu era a filha mais velha, era eu que queria ter-lhe dado a alegria de um primeiro neto...enfim... dentro de mim habitava um turbilhão de emoções, às vezes sentia que a qualquer altura ia enlouqecer... eu não deixava transparecer a minha dor, eu chorava baixinho, lágrimas silenciosas, às escondidas...
O tempo ia passando e em cada mês que passava eu procurava em mim sinais de gravidez, às vezes sentia (psicologicamente), mas a vinda das mestruações mês após mês forçavam-me a crer noutra realidade!
Outubro e Novembro foram dois meses particularmente difíceis: no início de Outubro nasceu a filha da minha prima, altura em que também eu seria mãe, se tivesse engravidado à primeira tentativa.
Soube numa segunda-feira que a menina tinha nascido! Quase que enlouqueci nessa semana... só chorava, era o facto de estarmos naquela altura do ano, o facto de ser uma menina...sei lá! Eu só arranjei forças para ligar-lhe a dar os parabéns alguns dias depois, eu tinha tanto medo daquele telefonema, como iria eu reagir? No dia em que lhe liguei ia de viagem com o C., do telefonema recordo-me apenas de uma expressão que ela disse "a minha princesa". Ouvir isto foi muito duro, eu teria usado a mesma expressão ao referir-me a uma filha minha! Apressei-me a desligar a chamada, já se formava um nó na minha garganta, olhei para fora, pelo vidro do carro e as lágrimas contidas com muito esforço...rolaram.

Quando fazemos da vida uma festa


No dia 22 de Abril de 2006 unimos as nossas vidas. Foi um dia tão bonito! Um dia de festa!
Depois de casarmos e, apesar de não pensarmos logo em ter filhos, deixámos de usar contraceptivos, apenas coito interrompido, se engravidasse, quando engravidasse, seria uma grande alegria.Passados 3 anos, em Maio de 2009, decidimos ir a uma consulta de Planeamento Familiar, ´para depois começarmos a praticar a sério! Queríamos fazer tudo direitinho! A médica disse que estava tudo bem, com excepção o facto de eu não ser imune à toxoplasmose e tinha uns nódulos na tiróide. Tinha de esperar ser consultada por um especialista da tiróide antes de ir aos treinos. Em Novembro fui à consulta e felizmente não tinha nada de grave, podia engravidar à vontade! Nova consulta de Planeamento: a médica explicou como saber qual era a altura do período fértil, etc...Nesta altura andava com as mestruações mais ou menos regulares e comecei logo a fazer contas. Estaria no meu período fértil na passagem de ano 2009/2010. Pensei logo que o nosso 1º pimpolho seria gerado nesta passagem de ano e, sem o C. saber de nada, programei uma passagem de ano super romântica!

Quando descobrimos que ele é o tal

Faltavam 2 dias para eu completar 18 anos quando conheci o Tal! Um rapaz de 22 anos, hoje um homem de 34, que viria a ser meu marido, o meu "Anjo da Guarda", o meu ombro amigo, a minha paixão e que seria aquele que caminharia lado a lado comigo nesta viagem que é a Infertilidade.Durante o namoro criámos o bom hábito de conversar muito: os sonhos, as ambições, as perspectivas de futuro...Cedo começámos a sentir que olhávamos para um mesmo horizonte e que fosse qual fosse o trilho a percorrer, o faríamos de mãos dadas.
Um dia falámos de casamento, de filhos, ele queria um, eu ambicionava três. Lembro-me de lhe dizer com um sorriso malandro"Vamos ter de negociar!" Nunca imaginámos que o caminho ia ser tão penoso!
Namorámos cerca de seis anos e meio e quando faltava pouco mais de um ano para a data do casamento, apanhámos um alegre susto: sempre tive mestruações irregulares, mas naquela altura já estava com um atraso de mais de um mês. Pensámos que estava grávida! Não entrámos em pânico, não nos preocupava a reacção da família, sabíamos que o sentimento que nos unia nos ía dar força para ultrapassar alguma adversidade. Ficámos simplesmente felizes... ansiosos, mas radiantes pela promissora esperança de poder estar a gerar uma vida dentro de mim. Estava fora de questão a ideia de um aborto. Um filho era algo que sempre desejámos muito, nesse dia amei mais o meu C. Mas o teste de gravidez deu negativo... era só um grande atraso...ficámos um bocadinho tristes... mas pensámos que em breve estaríamos casados e depois teríamos os pimpolhos que quisessemos!

Quando eu era pequenina...

Na aldeia onde nasci, fui, durante muito tempo a única menina. Havia muitos rapazinhos e partilhava as brincadeiras com eles, mas do que eu mais gostava era de brincar à noitinha, com as minhas bonecas, fingia que eram minhas filhas e cuidava delas com tanto carinho ao ponto de, na hora de eu dormir, as deitar ao meu lado e as aconchegar no quentinho dos cobertores.
Por momentos parece que voltei a ter 6 ou 7 anos ...como tenho essas recordações tão presentes em mim...

Quando os sonhos de menina se tornam em...sonhos de mulher


De hoje em diante o Entre Linhas vai ter algumas postagens "íntimas".

Graças ao blog Sonho ter um filho e consequentemente à Reportagem da Sic sobre Infertilidade (de 14-01-2007), que visualizei emocionadamente no Youtube, decidi contar a "minha história". Não só porque me fará bem partilhar estes sentimentos, mas também porque há casais e, em particular, mulheres que, tal como eu, recorrem à NET em busca de explicações, de coragem, ansiando quem as entenda, quem tenha passado por situações semelhantes e conheça o tamanho da dor que se sente quando nos é dito que somos infertéis.

sábado, 13 de agosto de 2011

Fralda de 4 cantos "O patinho e os amigos"





O meu mais recente trabalhinho (trabalhão) bordar uma fralda con 4 cantos! Está linda (modéstia à parte), mas deu um trabalhão... Em princípio é para doar a uma Instituição de Solidariedade. Beijocas!

Bloquinho para os Acolchoados de Amor

Apresente o bloquinho do mês de Julho que bordei para os Acolchoados de Amor. É para o acolchoado da Mariana. Espero que goste.
Beijocas