quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Entretanto... Uma Experiência de Maternidade

Há momentos em que Deus nos mostra que os nossos "problemas" tornam-se tão pequeninos. Há momentos em que de um momento para o outro fazemos o impensável, encontramos força em nós que inimaginávamos existir. De facto só somos capazes de saber o que somos capazes de fazer quando a necessidade obriga... e somos capazes de tanta coisa... de tanto amor...
No dia 22 de Abril nasceu o meu sobrinhito de 36 semanas, parto provocado devido às tensões altas da minha cunhada. Não foi um parto fácil, de muitas horas (na minha opinião horas a mais!) - induziram o trabalbalho de parto às 16.30h do dia 21 e o bebé só nasceu às 11h do dia seguinte - a minha cunhada fez pré-eclampsia. O pequenito nasceu bem, com quase 4kg, mas a mãe depoi do parto não largou mais a máscara de oxigénio. No Domingo, dia 25, diagnosticaram-lhe uma pneumonia grave e teve de ser transferida da maternidade para os cuidados intensivos do C.H.C. - estava mal!
A semana que se seguiu foi...não tenho palavras para descrever: medo da minha cunhada não melhorar, o meu irmão precisava que alguém o ajudasse a cuidar do filhote(era pai pela 1ªvez), pois para além da inexperiência passava todo o tempo possível com a mulher no hospital.
Coincidência ou não eu estava de férias nessa semana e prontifiquei-me a ficar em casa do meu irmão com ele e o bebé para ajudar (eu e o meu mano temos apenas 1 ano e meio de diferença e uma relação de muita cumplicidade - sabia que de todas as pessoas que o poderiam a judar naquele momento, ele queria que fosse eu que estivesse lá), e estive... eu que nunca tinha cuidado de uma criança, quanto mais de um recém-nascido, que nunca tinha mudado uma fralda (não me perguntem como, mas sabia exactamente o que fazer e como fazer), ensinava o meu mano com a serenidade possível a cuidar do seu rebento.
Foi uma semana de um estado de vigilia completo, repleto de emoções, de noite mal fechava os olhos, estava sempre a ver se o pequeno estava bem, quentinho, se respirava, enfim... e de vez em quando, quando se lembrava de fazer uma birra às 2 da madrugada, lá pegava nele e dava-lhe colinho.. .e amor... e no meio de tanta "aflição" eu e o meu mano ainda conseguiamos rir, um bebé transforma o nosso estado de espírito!
Mas foram 6 dias que passaram demasiado depressa, no sábado a minha mãe tomou "os comandos", para que eu pudesse descansar um pouco, pois tinha de retomar o meu trabalho, aí sim foi duro...
Na sexta-feira ria-me que nem uma louca, o meu mano só dizia "deves estar a passar-te", ria para não chorar, avizinhava-se o dia de deixar o pequenito, foi como se durante aqueles dias ali passados, estivesse com as emoções camufladas, anestesiada (havia uma criança para cuidar, torcer pela minha cunhada ficasse bem...).
Relembrar a chegada da minha mãe não é fácil...na hora de eu ir embora o meu irmão estava emocionado e com o olhar agradeceu-me tudo o que fizera naquela semana... eu arrumei as minhas trouxas a toda a velocidade, tinha de sair daquela casa antes que me desmanchasse a chorar, já estava a ser difícil conter o nó na garganta, só disse "xauzinho, portem-se bem" e sai, quando peguei no carro, chorei toda a viagem, deixar aquela criança e aquela casa foi como se me tivessem arrancado uma qualquer parte do meu corpo...não há palavras.
Sei que toda a gente estava orgulhosa do meu trabalho, penso que alguns admirados por o ter conseguido fazer, cuidei do meu sobrinho na sua primeira semana de vida o melhor que sabia e que pude, fui por uma semana "mãe"! Hoje sei do que sou capaz, do amor que tenho para dar, da força escondida que habita em mim!
Felizmente a minha cunhada, cerca de duas semanas depois regressou a casa, para junto do seu filhote , de quem tinha tantas saudades!
Quero agradecer a todas as pessoas que nos apoiaram naquele momento, a mim em particular. Obrigada.

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